Nesta terça-feira, 11 de junho, Gravatá perdeu um de seus mais ilustres cidadãos. Aos 90 anos, faleceu o respeitado jornalista Ricardo Carvalho, um ícone da literatura e do jornalismo do agreste pernambucano. Ricardo Carvalho dedicou 62 anos de sua vida ao serviço público e à comunicação, tornando-se uma figura de grande relevância na imprensa local.
Um Legado de Dedicação e Serviço
Ricardo Carvalho se junta ao seleto grupo de intelectuais de alta estirpe, ao lado de Alberto Frederico Lins Caldas (in memoriam), José do Patrocínio (in memoriam), José Benigno (in memoriam) e Ronaldo Souto Maior, todos eternizados pelas suas contribuições à história e a cultura do agreste pernambucano.
Mistura de Poeta, Jornalista e Escritor
Ricardo Carvalho, uma mistura notável de poeta, jornalista e escritor, dedicou sua vida inteira ao intelectualismo gravataense. Através do seu Micro Museu do Som, deixou depoimentos importantes e preservou valores históricos, tornando-se um anjo guardião da memória de Gravatá. Figura humana, carismática e de grande coração, Ricardo foi uma sentinela da comunicação e uma ponta de lança da imprensa interiorana, sempre ao lado de sua esposa, Maria Célia Soares de Carvalho, que contribuiu significativamente para o enriquecimento da intelectualidade interiorana.
Contribuições Recentes
Nos últimos anos, Ricardo Carvalho teve uma importante contribuição para o Jornal a Gazeta do Agreste, Revista Gravatá e Revista Portal do Interior. Estes impressos eram aguardados ansiosamente pela população, que apreciava suas colunas sobre os causos e figuras pitorescas da cidade de Gravatá. Sua tenacidade e força de viver eram exemplares, muitas vezes visto carregando sua pasta com dificuldade de visão, andando destemido pelas calçadas e ruas da cidade.
Saúde e Viagens a Cuba
Ricardo Carvalho era um profundo conhecedor da sua saúde ocular, afetada pela Retinose Pigmentar. Ele deixou contribuições valiosas em áudio e escrita sobre os avanços no tratamento dessa doença, tendo viajado a Cuba em 1995 e 1997 em busca de um tratamento mais avançado.
Memórias e Homenagens
“Lembro bem das vezes em que saímos juntos para entrevistas ou reportagens, de braços dados em busca de uma boa história. Uma das matérias que fizemos juntos foi a última entrevista dada por José Luiz Truan, uma experiência marcante de estar ao lado dessas figuras históricas que tanto contribuíram para o desenvolvimento de Gravatá. Aqui deixo registrada essa homenagem a esse homem eterno que sei que deixa saudades em muitos amigos, leitores, ouvintes, familiares e admiradores.” (Eduardo Franco – Jornalista).
História e Formação
Nascido em Gravatá, em 2 de setembro de 1933, Ricardo era filho de João Paulino de Carvalho e Severina Fernandina de Carvalho. Estudou no Grupo Cleto Campelo e na Escola Devaldo Borges, onde desde cedo demonstrou seu talento para o jornalismo, registrando acontecimentos locais em sua agenda. Em 1955, fundou a Associação Cultural Machado de Assis (ACMA) com o professor Ivaldo Carvalho, incentivando a produção literária na cidade. Em 1961, foi nomeado bibliotecário da Prefeitura Municipal de Gravatá e cofundou o jornal “Tribuna Gravataense”. Sua colaboração como correspondente se estendeu a diversos periódicos, incluindo Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio e Jornal do Agreste.
Viagens e Colaborações
Durante sua vida, Ricardo viajou a Cuba em 1995 e 1997 para tratar uma Retinose Pigmentar e, mesmo internado, entrevistou o Embaixador do Brasil em Cuba e outros pacientes. Ele também participou de dois filmes de longa-metragem produzidos por Carlos Farias e era sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia. Mesmo com a visão comprometida, ele continuava a ditar matérias para jornais e revistas, mantendo viva a divulgação de Gravatá e região.
Fotos: Arquivo Revista Portal do Interior / Facebook Celia Soares