A segurança pública é um tema central no debate político brasileiro, especialmente nas eleições municipais, onde os índices de criminalidade costumam dominar o discurso dos candidatos. Embora este seja um dos principais problemas apontados pela população, muitos especialistas alertam para a superficialidade dessas propostas, já que as prefeituras não têm controle direto sobre as forças policiais. Nesse contexto, as campanhas costumam prometer soluções que fogem da real competência dos municípios, gerando expectativas irreais.
Pesquisadores afirmam que, em vez de focar exclusivamente em medidas repressivas, como aumento do policiamento, os municípios poderiam adotar políticas preventivas e integradas, como a melhoria do urbanismo, educação, e saúde pública, para lidar com a criminalidade. Contudo, as discussões sobre essas alternativas são frequentemente ofuscadas pelo apelo de discursos mais imediatistas e punitivos.
O sociólogo José Lenho Silva Diógenes, da UFC, alerta que o desconhecimento da população sobre as funções municipais cria um cenário ideal para promessas enganosas. Candidatos muitas vezes usam o tema da segurança pública para ganhar votos com promessas de mais policiamento, mas deixam de debater as verdadeiras atribuições das prefeituras, como o planejamento urbano e a capacitação das guardas municipais.
As guardas municipais, regulamentadas pela Lei 13.022/2014, têm um papel fundamental na segurança local, atuando na proteção do patrimônio e na mediação de conflitos. Mas especialistas, como o antropólogo Lenin Pires, criticam a militarização dessas forças e defendem que o foco deveria estar em ações de prevenção e na promoção dos direitos humanos.
Outros pontos que merecem atenção são o combate ao feminicídio e a violência nas escolas. Nesse sentido, iniciativas como a Patrulha Maria da Penha e programas de prevenção à violência juvenil são exemplos de como os municípios podem contribuir efetivamente para a redução da criminalidade.
Além disso, o planejamento urbano, com ações como a melhoria da iluminação pública e a ocupação de espaços degradados, também tem um impacto significativo na sensação de segurança da população. No entanto, esse tipo de abordagem é pouco discutido nas campanhas eleitorais, que tendem a priorizar soluções imediatas e repressivas.
Com informações da Agencia Brasil
Foto: FENAGUARDAS
