60 Anos do Golpe de 1964: O Impacto Político em Pernambuco

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José Sebastian

Radialista (DRT/PE 2414 - AIP 2931)
60 Anos do Golpe de 1964

Esta semana marca seis décadas desde a ruptura política de 1964, um evento que mergulhou o Brasil em um regime ditatorial que perdurou por 21 anos. Em Pernambuco, tanto no campo quanto na cidade, os movimentos políticos da década de 1960 desempenharam um papel significativo na eclosão do golpe militar que assombrou o país por mais de duas décadas. A resistência local e os esforços para preservar a memória desse período também tiveram grande destaque.

A força das Ligas Camponesas, o Movimento de Cultura Popular e a eleição de Miguel Arraes são alguns dos eventos que ajudam a explicar a dura repressão que se abateu sobre o estado após 1964. Pernambuco é o terceiro estado do Brasil com mais casos de desaparecidos políticos, segundo a Comissão da Verdade.

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O estado foi pioneiro em muitos eventos históricos e desempenhou um papel central em 1964, tanto na implementação quanto no enfrentamento ao golpe, e posteriormente, no processo de redemocratização. Quando o golpe ocorreu, o governador era Miguel Arraes de Alencar, uma figura muito presente nas causas sociais, e Pelópidas Silveira ocupava o cargo de prefeito do Recife. Os movimentos sociais em Pernambuco, tanto urbanos quanto rurais, buscavam reforma agrária, direitos trabalhistas e engajamento político, tornando o estado um centro de reivindicações sociais.

O contexto internacional, especialmente a Guerra Fria e a Revolução Cubana de 1959, contribuiu para a instabilidade política na América Latina, levando à ascensão de ditaduras em vários países, incluindo o Brasil. As elites brasileiras e pernambucanas, desejosas de modernização, mas relutantes em ceder poder político e econômico, viram nos movimentos populares uma ameaça aos seus interesses, alimentando a repressão.

Os movimentos sociais, como as Ligas Camponesas e o Movimento de Cultura Popular, liderados por figuras como Paulo Freire, Josué de Castro e Miguel Arraes, desempenharam um papel fundamental na luta por direitos e nas chamadas Reformas de Base. A repressão ao golpe em Pernambuco foi intensa devido ao forte engajamento prévio desses movimentos.

O Engenho Galileia, em Vitória de Santo Antão, foi um dos principais locais de luta no campo. Sob a liderança de Francisco Julião, as Ligas Camponesas conquistaram a propriedade das terras, simbolizando a primeira desapropriação legal para reforma agrária no Brasil. No entanto, o golpe resultou na perseguição e prisão de líderes como Francisco Julião, e o movimento foi posteriormente desmantelado.

A história das lutas do campo, incluindo a resistência no Engenho Galileia, é preservada por figuras como José Joaquim da Silva, conhecido como Zito da Galileia, que dedicou sua vida a manter viva a memória desses eventos. A saga dos camponeses e suas lutas por direitos básicos durante o período do golpe militar continua sendo uma parte essencial da história de Pernambuco e do Brasil.

Assista o vídeo completo sobre a história dos 60 Anos do Golpe de 1964

História narrada pelo Sr. José Joaquim da Silva, Zito da Galiléia. Nasceu em 1947 no Engenho Galiléia, município pernambucano de Vitória de Santo Antão. Aos 13 anos já militava no movimento camponês. Trabalhou como motorista de ônibus em Diadema – São Paulo, tendo participado da greve da categoria em 1979. Foi homenageado pela Câmara Municipal de Diadema em fase de sua militância socialista e pela secretaria de Cultura, devido à autoria de versos em Cordel. Como evangélico, atuou como presbítero e pastor. Retornou à Galiléia depois de aposentado e se dedicou a preservar a memória histórica Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco, fundada em 1955.

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